Textos

Fora do Tempo

Sentado em um banquinho de praça, ergo meu olhar e vejo:
Pequenas aves negras de pés desproporcionais com a testa e o bico brancos, tranquilas. E no instante seguinte, um cão branco peludo que as espanta.
Elas querem ficar tranquilas no gramado cinzento coberto de penas brancas, mas se refugiam na água brilhante.
Nem todas as aves são iguais, mas eu só sei disso pelos sons que elas emitem, que interrompe temporariamente a música executada por um pequeno coro de pássaros bem afinados que canta nas árvores ao redor do lago.
O cão já foi levado por sua elegante dona.
Um pouco mais à esquerda, do outro lado do lago onde se refugiaram as aves, três gigantes bêbados entram em contraste com um edifício retangular azul, estilo anos 60, que atrapalha uma potencial vista do céu azul pálido repleto de nuvens.
Os gigantes tem aproximadamente três metros de altura e estão petrificados em poses diferentes. A parte inferior de seus corpos parece derretida, quase como um boneco da Michelin esvaziando em agonia.
O da direita tem um olhar furioso, deformado, e está com os braços erguidos, ameaçadores. Apresenta uma postura de lutador, pronto para golpear.
O do meio tem um olhar impertinente, quase arrogante. Está arregaçando as mangas, como quem diz; "Eu sou o próximo".
O ultimo gigante, o mais à esquerda, está cambaleando para trás, com a cabeça erguida e a boca aberta. De sua boca escorre uma mancha amarelada e escura que cobre seu peito.
Sinos soam à distância. Sinto o frio aconchegante do fim do inverno. Hora de ir.

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