Ele tinha uma vontade muito forte... Lhe doía o coração, de tão forte que era; era mais que um objetivo, mais que um sonho... era uma necessidade! Mais ainda; uma obsessão, um vazio, um sabe-se-lá-o-que. Um schmú. Dê o nome que preferir. Ele queria fazer algo que tocasse as pessoas. Queria ser capaz de escrever a música perfeita, com a sequência de notas perfeita, que despertasse nas pessoas a vontade de mudar o mundo, de levantar-se e dizer "BASTA! AGORA O MUNDO SERÁ NOSSO". Ele queria ser capaz de escrever uma poesia tão contundente que trouxesse lágrimas aos olhos dos leitores, que, mudados, chocados, impressionados, se ergueriam de suas cadeiras e diriam "CHEGA, AGORA EU FAREI A MINHA PARTE.". Queria pintar um quadro com as cores perfeitas, as formas perfeitas, a harmonia em uma tela. Queria que fosse tão belo que quando as pessoas observassem o quadro, se sentissem forçadas a dizer "BASTA! QUERO VIVER NESSE QUADRO, QUERO QUE NOSSO MUNDO TODO SEJA ASSIM."

Mas nunca conseguiu fazer nada do gênero. Não era talentoso o suficiente, nunca se sentia satisfetio. Pior; as pessoas não ouviam suas músicas, não liam suas poesias e não apreciavam seus quadros.

E aí ele envelheceu e morreu.