Textos

Power and Majesty

Depois de ler a biografia do Gengis Khan, passei a estudar Stalin e Tito. E Mussolini. Aí, ontem, acordei com vontade de observar as coisas pequenas como se fossem parte de uma nação, e como se eu fosse o regente absoluto do lugar todo. Não deu muito certo, por mais que eu tentasse ver minha mãe como a classe operária, meu pai como os investidores internacionais e meu irmão como a oposição a ser oprimida. Mas em dado momento, eu me senti realmente dentro da brincadeira. Eu estava no quintal da minha casa, preparando a mangueira para esguichar água e lavar a urina do meu cão. Aí eu vi uma barata. Ela não estava me fazendo nenhum mal, naquele momento. Estava apenas correndo pelos cantos, sem rumo, perdida. Confusa. Sem saber o que ela queria da vida. Jovem, não tinha uma mensagem definida pra passar, não tinha grandes sonhos ou grande relevância dentro do meu império autoritário. Lá estava, do lado de fora, à margem. Quando viesse a noite, divertiria-se com porcarias e rolaria na sujeira. Se entrasse na minha casa, no meu império, com suas idéias de sujeira e desordem, talvez prejudicasse o funcionamento de tudo. A classe operária se assustaria, parando o trabalho para correr sem objetivo, como a barata. A oposição tentaria infiltrar a maldita em meus escritórios, para derrubar meu governo. Os investidores não gostariam nada de ver aquela barata dentro de meu império, causando toda essa bagunça, espalhando suas imundícies pela região. Então eu fiz o que qualquer ditador sensato faria - esguichei água nela até ela ficar de pernas pro ar, humilhada, prostrada. Esse negócio de jato d´água até que funciona.

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